domingo, 24 de agosto de 2008

Um mail que nunca vou esquecer..

Olá Joana!
Que tal as férias? Espero muito sinceramente que essa cabecinha tenha tido o descanso merecido e necessário!!!
Venho, finalmente, enviar um texto há muito prometido, em resposta a um mail que seria supostamante de despedida... Peço mil desculpas pelo atraso! Acredita que ando de dia para dia a pensar em escrevê-lo, não me sai da cabeça... mas eu sou assim mesmo, demoro séculos a responder a toda a gente!
Então aqui vão as sábias palavras (que não são minhas...) para contrapôr esse “até nunca” que utilizaste nesse mail:

“E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre.”

É mesmo isto que eu penso! Adoro este texto de Miguel Sousa Tavares porque descreve exactamente o que eu sinto sobre as amizades, os amores, os familiares que vamos “perdendo” pela nossa caminhada... Nunca os perdemos verdadeiramente... Carregamos para sempre:
- aqueles amigos a quem podemos até já não falar desde há anos;
- aqueles que um dia destacámos como “meu melhor amigo” (como se fosse preciso eleger alguém...);
- aquele namorado a quem um dia chamámos convictamente “amor da minha vida” (e na altura essa era uma convicção válida);
- aqueles familiares/amigos que nos amaram e que já não estão entre nós;
... todas as pessoas com quem nos cruzámos, que nos fizeram crescer e que nos marcaram... desses não nos podemos despedir verdadeiramente. Para esses vai um “até sempre”, porque aquilo que contribuem para o que somos no presente, faz com que estejam sempre connosco.
E é assim que lido com as minhas “perdas”: com os alunos que vão passando por mim, com os colegas das diversas escolas por onde passo, com as amizades que faço em sítios distantes e que não há como manter um contacto igual ao que um dia já foi... Não é porque deixamos de ver um amigo com a frequência de outrora que ele deixa de ser NOSSO... É aí que nos iludímos!

Pode não ser grande coisa... Mas era isto que te tínha prometido escrever e é nisto que eu acredito... Quem não tem mais no que acreditar, acredita nestas coisas, que tem como evidentes. “Acredita na eternidade das pedras e não na dos sentimentos; acredita na integridade da água, do vento, das estrelas. Eu acredito na continuidade das coisas que amamos, acredito que para sempre ouviremos o som da água no rio onde tantas vezes mergulhámos a cara, para sempre passaremos pela sombra da árvore onde tantas vezes parámos, para sempre seremos a brisa que entra e passeia pela casa, para sempre deslizaremos através do silêncio das noites quietas em que tantas vezes olhámos o céu e interrogámos o seu sentido. Nisto eu acredito: na veemência destas coisas sem princípio nem fim, na verdade dos sentimentos nunca traídos. “ Citando o mesmo autor, no seu texto intitulado Eternamente.
E com esta palavra termino a esperada (e peço mais uma vez desculpa pela demora) explicação para eu não aceitar “até nunca’s”.

Eternamente...
Joana Raposo

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